quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Brás - Estudantes

Já é tarde, mas ainda dá tempo de muita coisa... é tarde pra voltar pra casa, não por muitas questões, somente pelos horários estipulados pelo transporte público... o mais estranho é a situação... acabo de deixar a minha casa, e pego o trem em direção a minha casa... um círculo vicioso? É só uma das inquietações que me povoam, povoaram... como queira, como quis...

Ela entra e me observa, eu ainda estou ali, apoio meus ombros na parede e espero, é apenas o Brás, o caminho está traçado sobre os trilhos... mas o que vejo... o que vejo é a primeira vez.... a música começa, com uma voz híbrida, submersa, como se pedisse para eu me afundar em mim... o medo? Na verdade não há...
Tudo voa com a velocidade do trem, com a cabeça apoiada no balaustre vejo a janela se misturar a uma animação quadro a quadro que eu mesmo desenho mentalmente... tudo boiando com aquela voz... Tudo se mistura... são as ruas, os carros, o trânsito, os sonhos, as lembranças, algum aperto que me remete aos planos, aos sonhos, as noites... algum aperto que na minha distração fixa meus olhos nos semáforos, nas luzes dos carros, dos freios principalmente... o tempo passa, não estou mais lá... já estou submergindo em um mundo novo... aquele ar me sufoca, a voz já sumiu... as notas vão se tornando tensas, densas, sem muita complexidade, mas com grande intensidade, ela explode em uma distorção, não me reconheço... não distorço nada... a animação ficou rápida demais pra mim... aquelas ruas da janela não me mostram caminho nenhum, não te m sequência, segmento ou qualquer outra coisa... o aperto vem, o ar se vai e a lágrima se esforça pra sair... luz... luz... luz...
Ela se levanta... eu não ouço nada, vem surgindo entre os devaneios com seus cabelos tingidos e loiros... sei que são tingidos pq aprendi há pouco como identificá-los, seus olhos se fixam no meu, repete algo que ainda não ouço, desencosto a cabeça e o trem retoma sua forma, “está tudo bem, meu filho?? Não quer sentar um pouco??”
Dom Bosco...
Esboço um sorriso e um “está tudo bem, tudo bem mesmo” que me garante uma resposta com um sorriso nada contido e um você é quem sabe...
Eu é que sei... eu é que sei... eu é que sei... martelou a minha existência até Poá...
Era o ingrediente que precisava pra me perder de novo... sem apertos, sem lágrimas... alguma saudade, um chocolate que há muito não descia tão amargo e a certeza que tudo iria se ajeitar, junto com a música que se acalmava e o eco daquelas palavras “você é que sabe...”

Um comentário:

binha disse...

outro contexto e só... =]