sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

DIA QUENTE

Ao silêncio uma dúvida, pra que lado o vento lá fora sopra, nesses dias quentes uma saudade, duas bem fortes pra ser mais exato, mas aque convém contar é a do vento... a quem sopra? Por onde anda que não aqui? Nesses dias de sol estou trancado, recluso, fugindo, mas nem por isso suando menos... de mim o vento levou os dias, alguns deles, dos dias me roubou as horas, as palavras, das letras que sobraram mal formo uma frase... o que o vento levou daqui, não trará de volta... é o que fico repetindo diante do espelho em silêncio... o silêncio tomou conta daqui... nem as músicas disfarçam mais... dilemas de uma vida adulta, deixo de lado aqui muita coisa... acho que aos poucos vou surtando, dizem que isso acontece quando se passa muito tempo trancado num quarto, só que o meu quarto se estende até o ônibus... escrevo em pedaços, penso alguns fragmentos no meio de tanta palavra desordenada, na vida em si penso pouco... ou o pedaço que consigo decifrar é pouco... impressões, impressões, impressões... Nas impressões gráficas existem 4 cores pigmentos, o azul, o amarelo, o magenta e o preto, na teoria, a soma das três cores primárias resultaria no preto, mas como isso nao acontece, foi criado o preto, que é feito de resíduos, por isso, uma tinta barata... essa impressão é feita com pequenas bolinhas de cada cor, e impressa uma por vez, a sobreposição dessas bolinhas que chamamos de retícula, vão criando cores secundárias, terciárias e tal... e suas variações são pela porcentagem de cada cor que existe por uma pequena área, e por fim, a última cor a ser impressa, no mesmo processo é sempre o preto, pra realçar as áreas escuras... impressões, impressões, impressões... eu acho que esses dias andam um tanto cheio delas... sinto-me apenas um retícula amarela no meio disso tudo, sem nem conseguir interagir pra me tornar um laranja sequer...
o calor está me matando aos poucos...
o sol, o vento que me abandonou... acho que estou surtando um pouco.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CARNAVAL

O carnaval se foi, deixando as cores da jabuticaba nas pseudo gramas, deixando que as luzes iluminem só passos, o carnaval se foi com comentários sobre a conversa... por outro lado... dizem que agora é que o ano começa...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

TUDO SOB CONTROLE

Tudo sob controle, tudo sob controle, tudo sob controle... sobre o controle? Não há controle... esse é o meu primeiro dia aqui, o sol da manhã da janela que permaneceu aberta pelo calor, o calor que permaneceu da noite anterior, primeiro dia... certo alívio?? Talvez... estou trancado, por opção, vejo paredes brancas e uma claridade que penetra sem trazer nenhuma brisa, algum suor... como sempre... a casa não amanhece em silêncio... e nem adormece... entre risos e histórias sobra algo de leve... o leve que esperava mesmo encontrar, hoje o dia amanhece quente, terno... e eu danço ao som de qualquer música, com uma xícara de café na mão esquerda e a mão direita sobre a barriga, simulando o par, danço comigo mesmo, com meus pensamentos e expectativas, rodopio com meus sonhos... estou recluso, talvez eu busque algo mais tarde, talvez eu morra de fome... não sei sobre as próximas horas... sei sobre os desejos, pensei sobre tudo, penso a todo momento, algo me atormenta, a distância entre as beiradas do abismo... mas não muito, não a toda hora... há algo de novo aqui... não sei dizer o que é... sei que não sou eu... e o mundo??? Abro mão de toda realidade... enlouqueço por um bem próprio...
Hoje toda rotina volta... por completa... quase completa... talvez eu possa me perder nesse anonimato, já sei o caminho pra casa...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pará

Ontem praticamente estive no Pará, um dia quente, entre raios, esperando um ônibus que por sorte nunca chegava...

SÓ...

Cheguei hoje... só... cheguei só, carregando uma mala e uma mochila cheias de um vazio sem tamanho, a casa cheira estranha, mas não uma espécie de odor, uma espécie de desconfiança... o que eu deixei dessa vez? Quem eu deixei dessa vez? Aqui já faz noite, passo um café mal feito, apoio as mãos na janela, eles trabalham... o café está muito doce... pra quem trabalham até essa hora? Qual a importância que têm de fato, quando viram as costas? Quem é o primeiro a atingí-los? Não se trata de confiança, não se trata do açúcar no café, talvez eu esteja muito amargo... hoje eu acordei só... como há muito não acordava, impus limites, condições, levantei-me e segui, sem a mínima vontade de ser alguém... não hoje, por favor... foquei-me em uma coisa, material, mas que poderia me salvar o dia... mas ele não estava mais lá... haviam levado aquele telefone vermelho... algo bobo como em Eterno Amor, hoje eu perdi o Manech, ou ele se perdeu de mim??
Eles chegam, entram e saem, terei de me acostumar novamente a isso... como já disse, estou só, não um só de buscar conforto, buscar consolo, um só de constatação, olho para as paredes e vejo, ouço que estou só nos carros passando na rua lá embaixo, no barulho do computador se refrigerando, no toque das teclas que de tão descompassadas não formam música nenhuma...
Se isso for um jogo, eu desisto... não são minhas peças, não jogo dados, deixo-me fora disso, quis dele palavras, quis dele compreensão, quis dele tantas coisas, mas essas se esvaiam paralelamente... estou só, tão só que nem o eco se pronuncia mais...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Brás - Estudantes

Já é tarde, mas ainda dá tempo de muita coisa... é tarde pra voltar pra casa, não por muitas questões, somente pelos horários estipulados pelo transporte público... o mais estranho é a situação... acabo de deixar a minha casa, e pego o trem em direção a minha casa... um círculo vicioso? É só uma das inquietações que me povoam, povoaram... como queira, como quis...

Ela entra e me observa, eu ainda estou ali, apoio meus ombros na parede e espero, é apenas o Brás, o caminho está traçado sobre os trilhos... mas o que vejo... o que vejo é a primeira vez.... a música começa, com uma voz híbrida, submersa, como se pedisse para eu me afundar em mim... o medo? Na verdade não há...
Tudo voa com a velocidade do trem, com a cabeça apoiada no balaustre vejo a janela se misturar a uma animação quadro a quadro que eu mesmo desenho mentalmente... tudo boiando com aquela voz... Tudo se mistura... são as ruas, os carros, o trânsito, os sonhos, as lembranças, algum aperto que me remete aos planos, aos sonhos, as noites... algum aperto que na minha distração fixa meus olhos nos semáforos, nas luzes dos carros, dos freios principalmente... o tempo passa, não estou mais lá... já estou submergindo em um mundo novo... aquele ar me sufoca, a voz já sumiu... as notas vão se tornando tensas, densas, sem muita complexidade, mas com grande intensidade, ela explode em uma distorção, não me reconheço... não distorço nada... a animação ficou rápida demais pra mim... aquelas ruas da janela não me mostram caminho nenhum, não te m sequência, segmento ou qualquer outra coisa... o aperto vem, o ar se vai e a lágrima se esforça pra sair... luz... luz... luz...
Ela se levanta... eu não ouço nada, vem surgindo entre os devaneios com seus cabelos tingidos e loiros... sei que são tingidos pq aprendi há pouco como identificá-los, seus olhos se fixam no meu, repete algo que ainda não ouço, desencosto a cabeça e o trem retoma sua forma, “está tudo bem, meu filho?? Não quer sentar um pouco??”
Dom Bosco...
Esboço um sorriso e um “está tudo bem, tudo bem mesmo” que me garante uma resposta com um sorriso nada contido e um você é quem sabe...
Eu é que sei... eu é que sei... eu é que sei... martelou a minha existência até Poá...
Era o ingrediente que precisava pra me perder de novo... sem apertos, sem lágrimas... alguma saudade, um chocolate que há muito não descia tão amargo e a certeza que tudo iria se ajeitar, junto com a música que se acalmava e o eco daquelas palavras “você é que sabe...”