segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

SÓ...

Cheguei hoje... só... cheguei só, carregando uma mala e uma mochila cheias de um vazio sem tamanho, a casa cheira estranha, mas não uma espécie de odor, uma espécie de desconfiança... o que eu deixei dessa vez? Quem eu deixei dessa vez? Aqui já faz noite, passo um café mal feito, apoio as mãos na janela, eles trabalham... o café está muito doce... pra quem trabalham até essa hora? Qual a importância que têm de fato, quando viram as costas? Quem é o primeiro a atingí-los? Não se trata de confiança, não se trata do açúcar no café, talvez eu esteja muito amargo... hoje eu acordei só... como há muito não acordava, impus limites, condições, levantei-me e segui, sem a mínima vontade de ser alguém... não hoje, por favor... foquei-me em uma coisa, material, mas que poderia me salvar o dia... mas ele não estava mais lá... haviam levado aquele telefone vermelho... algo bobo como em Eterno Amor, hoje eu perdi o Manech, ou ele se perdeu de mim??
Eles chegam, entram e saem, terei de me acostumar novamente a isso... como já disse, estou só, não um só de buscar conforto, buscar consolo, um só de constatação, olho para as paredes e vejo, ouço que estou só nos carros passando na rua lá embaixo, no barulho do computador se refrigerando, no toque das teclas que de tão descompassadas não formam música nenhuma...
Se isso for um jogo, eu desisto... não são minhas peças, não jogo dados, deixo-me fora disso, quis dele palavras, quis dele compreensão, quis dele tantas coisas, mas essas se esvaiam paralelamente... estou só, tão só que nem o eco se pronuncia mais...

Um comentário:

Anônimo disse...

Condição humana?
Chegar só ao mundo, ir só para a cova...

Lutar contra isso, condição humana?